O cargueiro japonês que derramou óleo após encalhar nas Ilhas Maurício no mês passado havia navegado mais perto da ilha a fim de obter uma conexão de rede móvel para obter informações sobre o novo coronavírus nos países de origem dos membros da tripulação, informou uma fonte ligada ao caso.
A tripulação do navio de propriedade da Nagashiki Shipping Co. e operado pela Mitsui OSK Lines Ltd., ambas empresas japonesas, “queria falar com (suas) famílias porque estão cientes do COVID-19 em seus países”, disse a fonte à Kyodo Notícias em uma entrevista recente por telefone.
Membros da tripulação de vários países asiáticos planejavam se conectar à internet usando um cartão SIM do Sri Lanka pertencente ao primeiro oficial e tentaram ligar para a família através do serviço de mensagens WhatsApp, segundo a fonte.
Antes de o navio encalhar, foi realizada uma festa de aniversário para um membro da tripulação multinacional, composta por três indianos, um do Sri Lanka e 16 filipinos.
O álcool foi consumido na festa, que contou com a presença do capitão de folga e da maioria dos tripulantes. Não está claro se o primeiro oficial, que era responsável pelo governo do navio, participou.
O graneleiro com bandeira do Panamá Wakashio estava a caminho do Brasil vindo da China via Cingapura quando encalhou perto de Pointe d’Esny, uma área designada como zona úmida de importância internacional pela Convenção de Ramsar.
A embarcação transportava um total de cerca de 3.800 toneladas de óleo combustível e mais de 1.000 toneladas de óleo começaram a vazar da embarcação quando um dos cinco tanques de combustível rachou.
A polícia local prendeu na terça-feira passada o capitão, um cidadão indiano, junto com o primeiro oficial, um cingalês, sob suspeita de negligência na operação do navio.
Dados de satélite privados que rastrearam a rota do navio mostraram que ele se aproximou das Ilhas Maurício sem diminuir a velocidade. Segundo a fonte, a polícia ainda está tentando determinar por que a tripulação não diminuiu a velocidade para se conectar à internet, ou mudou de curso para evitar o recife.
O capitão e a tripulação, que reconheceram negligência no encalhe, pediram desculpas ao povo de Maurício e expressaram remorso, disse a fonte.